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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Bolsa tem forte queda e dólar sobe com temor de recessão global

Mercados globais despencam; no Brasil, Bovespa perde 3,7%, na Europa, bolsas caem 5%; dólar reduz ganho após ação do BC, mas segue acima da de R$ 1,88

A Bolsa de Valores de São Paulo opera em queda nesta quinta-feira, em que o temor de uma recessão global provoca perdas em mercados de ações em todo o mundo. O clima negativo é sustentado pelo
pacote de estímulo à economia norte-americana anunciado ontem
pelo banco central dos EUA, que não trouxe nenhuma novidade além do que já era esperado.
Às 12h50, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, operava em baixa de 3,75%, cotado em 53.889 pontos. Ontem, o índice perdeu 0,7% e fechou o dia em 55.981 pontos.
O Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (Fed), afirmou ontem que planeja comprar até o fim de 2012 cerca de US$ 400 bilhões em títulos da dívida do Tesouro de longo prazo, com vencimento entre seis e 30 anos. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária pretende vender o mesmo valor em títulos de curto prazo, com vencimento em até três anos.
Mas os mercados deram pouca atenção ao pacote e ficaram mais atentos à afirmação do Fed de que que existem riscos "significativos de baixa" para a economia norte-americana.
Para David Darst, chefe de investimento estratégico do Morgan Stanley, a reação do mercado ao Fed foi muito ruim e revela que, na verdade, os agentes querem uma reforma estrutural no país. “As pessoas resolveram ignorar o pacote de estímulo e focar as atenções na mensagem de que os riscos de piora da economia são significativos. A volatilidade subiu muito, e apenas cinco ações do S&P 500 subiam nesta manhã,” afirma.
Nos EUA, além do S&P, os índices Nasdaq e Dow Jones operam em forte queda, também reagindo à avaliação "sombria" feita ontem pelo Fed sobre a economia do país. Às 12h50 (horário de Brasília), o índice Dow Jones caía 3,29%, o Nasdaq recuava 2,51% e o S&P 500 tinha queda de 2,81%.
Nesta quinta, o setor financeiro volta ao foco. Ontem, a Moody's cortou a nota de três dos principais bancos americanos - Bank of America (BofA), Wells Fargo e Citigroup - e Standard & Poor's rebaixou as notas de instituições financeiras italianas como Intesa Sanpaolo e Mediobanca.
Para agravar este quadro, o dado preliminar sobre a atividade manufatureira na China (o PMI, na sigla em inglês) mostrou recuo em setembro, indicando que o crescimento na segunda maior economia do mundo continua a desacelerar. O índice preliminar dos gerentes de compras na China, medido pelo HSBC, caiu para 49,4 em setembro, ante 49,9 referente ao dado final do mês de agosto.
Na zona do euro, as encomendas à indústria ainda caíram 2,1% em julho na comparação com junho, a maior queda nessa base de comparação desde a retração de 4% registrada em setembro de 2010. Ante julho do ano passado, as encomendas aumentaram 8,4%, a menor alta anual desde novembro de 2009. O dado de encomendas, divulgado pela Eurostat, é uma espécie de indicador antecedente da atividade industrial, já que dá uma ideia do nível dos negócios que virão.
Na Europa, as principais bolsas de valores também operam com fortes quedas, mesmo comportamento das bolsas da Ásia. Perto das 12h50, o FTSE de Londres caía 4,72%, o CAC de Paris perdia 5,15%, o DAX de Frankfurt caía 4,89%.
Dólar e ação do BC
O clima de aversão pelo risco continua provocando fortes oscilações também no mercado cambial. O dólar abriu em disparada contra o real nesta quinta-feira, ampliando a já acentuada valorização da véspera. Às 12h, a moeda valia R$ 1,872, alta de 0,78%.
Para o operador da mesa institucional da corretora Renascença, Luiz Roberto Monteiro, o alerta de maior degradação da economia norte-americana pesou sobre os mercados e os agentes estão em busca de ativos mais seguros, como o dólar.
Nesta manhã, o Banco Central anunciou uma intervenção no dólar, por meio de uma operação chamada “swap cambial reverso”, em que vende dólares ao mercado, pressionando a moeda para baixo.
Após o anúncio da operação, a moeda perdeu força, mas segue em alta. “O BC avisou o mercado que está atento a essa alta do dólar e sinalizou que acredita ser um movimento de curto prazo,” comenta Márcio Cardoso, diretor da Título Corretora.
Cardoso diz que a alta mostra um estresse no mercado, reflexo de um cenário conturbado. “Investidores estrangeiros estão zerando posições em reais. Depois de investirem aqui e ganharem tanto com os juros brasileiros, como com a valorização do real nos últimos meses, agora estão perdendo a vantagem cambial,” afirma. Na opinião dele, entretanto, o movimento altista da moeda norte-americana está “exagerado”.

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