A morte da juiza Patrícia Acioli teria sido comemorada por policiais com um churrasco em São Gonçalo
Voluntários, moradores de São Gonçalo e parentes da juíza Patrícia Acioli, morta a tiros na madrugada da última sexta-feira quando chegava em casa em Niterói, fizeram protestos em frente ao Fórum da cidade, localizada na região metropolitana do Rio. Usando mordaças pretas, togas e exemplares do Código Penal e segurando rosas vermelhas, eles cobram a rápida elucidação do crime, com a identificação e punição dos culpados.
Para o presidente da organização não governamental Rio de Paz - responsável pelo ato -, Antônio Carlos Costa, o momento é de indignação pelo ataque não apenas a “uma cidadã, mãe de três filhos”, como ao Estado Democrático de Direito.
“Se é para o Judiciário ficar amordaçado, é melhor a gente viver na China. O crime foi muito grave e é preciso que haja uma solução rápida, senão daqui a pouco o Rio de Janeiro vai virar uma Colômbia”, afirmou.
O Tribunal de Justiça do Rio nomeou ontem os magistrados que vão assumir os processos que estavam sob responsabilidade da juíza Patrícia Acioli que atuava na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Seus processos serão assumidos pelo juiz Alexandre Oliveira Camacho de França, da 7ª Vara Cível, que será auxiliado por Marcelo Castro Anatocles da Silva Ferreira, do 1º Juizado Criminal Especial, e Adillar dos Santos Teixeira Pinto, do juizado de violência contra a mulher.
Segundo a polícia, imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que os criminosos fugiam após o crime. Testemunhas afirmaram que eles estavam em dois carros e duas motos. A polícia não descarta nenhuma linha de investigação. Há suspeitas contra milícias, grupos de extermínio, agiotas, máfias de vans e até de crime passional.
A juíza, além de ter sofrido várias ameaças por causa de suas decisões rigorosas contra policiais corruptos -estava na lista negra de um traficante, teve registros de agressão do namorado, o cabo da PM Marcelo Poubel, em pelo menos duas ocasiões.
Mistério
O crime ainda é um mistério para a polícia. Ao todo, 20 pessoas já foram ouvidas, entre elas o filho mais velho de Patricia, o primeiro a chegar ao carro onde a mãe foi morta. O depoimento dele não foi divulgado pela polícia. Já estão presos em um batalhão prisional os oito policiais militares que tiveram a prisão decretada poucas horas antes do assassinato da juíza.
Humberto Nascimento, primo da juíza afirmou ontem que a morte dela teria sido comemorada por policiais com um churrasco em São Gonçalo.
ENTENDA A NOTÍCIA
A juíza foi morta na madrugada da última sexta-feira quando chegava em sua casa após uma sessão no fórum de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Patricia Lourival Acioli foi assassinada com 21 disparos por um procedimento de emboscada.