O Cardeal Amato explicou como se desenvolveu o processo de beatificação em um congresso celebrado na Universidade Pontifícia da Santa Cruz de Roma e indicou que o processo de João Paulo II teve início na diocese de Roma "porque qualquer processo de beatificação começa na diocese onde faleceu a pessoa".
Os processos de beatificação, conforme explicou o Cardeal Amato, devem começar "5 anos depois da morte da pessoa" embora "em 1983 o próprio João Paulo II permitiu que se desse uma dispensa destes 5 anos para iniciar alguns processos claros". Esta dispensa, conforme acrescentou o Cardeal, foi também concedida pelo Papa Bento XVI com respeito ao processo de João Paulo II, a pedido do então Vigário da diocese de Roma, Cardeal Camillo Ruini.
Posteriormente se celebra o processo diocesano, que inclui a coleta dos testemunhos de pessoas que o conheceram que, conforme explicou o Cardeal Amato, são "a base de todo o processo, porque demonstra sua fama de santidade" e também a eleição do milagre, assim como os estudos médicos necessários para verificar sua autenticidade.
Depois do processo diocesano, os documentos são enviados à Congregação para a Causa dos Santos, onde se realiza um processo análogo, com novos estudos sobre o milagre e os testemunhos.
O Cardeal Amato sublinhou que João Paulo II "deu valor aos santos" que são "boas notícias ante as más notícias do mundo" porque são "expressão do Evangelho, que é a boa notícia por excelência".
Do mesmo modo, o prefeito destacou a "grande fé em Deus e a confiança na providência" de João Paulo II, quem foi "um grande missionário que proclamou a vida de Jesus por todo mundo".
Navarro afirma que o papa mostrou Deus a uma geração inteira
Por sua parte, o ex-porta-voz da Santa Sede, Joaquín Navarro Valls, explicou que João Paulo II "mostrou a toda uma geração o tema de Deus" e sublinhou que Karol Wojtyla convenceu "a sua geração de que não se pode entender o ser humano sem Deus".
Conforme sustentou Navarro Valls, João Paulo II demonstrou que "o ser humano sem Deus é um triste animal engenhoso" e recordou que o ponto central de sua mensagem era "manter o caráter transcendental da pessoa".
O antigo porta-voz do Vaticano sublinhou também que "o grande mérito de João Paulo II foi ter mantido sempre, apesar de tudo, a flexibilidade interior para responder "sim" a tudo aquilo que Deus lhe pedia", o qual "é o motivo de sua santidade".
João Paulo II, conforme explicou o ex-porta-voz do Vaticano, entrava "diretamente no coração das pessoas, porque sabia despertar no coração humano a verdade que toda pessoa procura" e afirmou que "sentia-se sacerdote, por isso necessitava a solidão para falar com todos".
Navarro Valls, quem esteve à frente da Sala de Imprensa do Vaticano durante 22 anos, assegurou que "o melhor testemunho da mensagem de João Paulo II é ele mesmo" e destacou que sua comunicação "apoiava-se em fazer entender que a verdade pode transformar a vida".
Por último, Navarro Valls recordou que Karol Wojtyla estava convencido que "o homem tem capacidade para conhecer a verdade" e sublinhou que a vida do anterior Pontífice demonstra "uma verdade assimilada e feita própria".