O corpo da menina Lavínia Azeredo foi enterrado por volta das 11h desta quinta-feira (3) sob aplausos e músicas religiosas. Cerca de 400 pessoas acompanharam o funeral, no Cemitério Corte 8, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Para evitar tumultos, a polícia reforçou policiamento na região com vinte homens.
Além de familiares e amigos, a diretora, professores e alunos a escola onde Lavínia estudava compareceram à cerimônia. Eles estavam vestidos de camisa preta.
A pedagoga Mônica Martins Campos, que foi professora de Lavínia no ano passado, estava inconformada. "Já tínhamos programado uma festinha para a volta dela. Ninguém esperava esse fim trágico. Achávamos que era um susto e ela ia aparecer viva", disse. Ela falou que Lavínia era um exemplo de aluna. "Ela era muito especial. Inteligente, carinhosa, um doce de menina, responsável com o material", contou.
Ao fim do enterro, muitas pessoas gritaram em coro "Justiça" e depois "assassina". O pai da menina Lavínia, que chegou carregadoao velório da filha, precisou ser novamente amparado ao final da cerimônia. Já a mãe, Andréia Azeredo, foi levada diretamente para a 60ª DP (Campos Elíseos), onde será ouvida novamente. A polícia quer esclarecer como a menina saiu de casa sem que ninguém da família percebesse. Outros parentes também devem ser ouvidos. Amante matou, diz polícia
Lavínia, que completaria 7 anos no próximo dia 13, foi encontrada morta na quarta-feira (2) num hotel no Centro de Caxias. A provável causa da morte foi asfixia, já que a menina foi encontrada com o cadarço do tênis enroscado no pescoço.
O crime, segundo a polícia, foi cometido pela amante do pai, Luciene Reis, que está presa na carceragem da Polinter de Magé. Luciene, segundo o delegado Robson Costa, confessou que matou a menina e vai responder por sequestro seguido de morte, cuja pena pode chegar a 30 anos. Segundo a polícia, as imagens foram captadas por volta das 5h25 de segunda-feira, em um ônibus da linha 15, que faz o trajeto Pantanal - Caxias - São Bento. Ela também foi reconhecida por testemunhas do hotel onde o corpo foi achado.
“O que essa criança tem a ver? Ela [Luciene] também tem filhos, como ela pode ter feito isso? Eu a levo para o Conselho Tutelar desde os 12 anos, ela fugia de casa e aprontava. Acho que ela tinha algum problema desde criança. Tenho pena do Rony, o pai da Lavínia, ele ajudou muito a Luciene durante o pouco mais de um ano que eles namoraram. Ele inclusive pagava o aluguel dela", declarou Neide Reis, mãe da suspeita.
R$ 2 mil podem ter motivado o crime
"A ganância foi o principal motivo", diz o delegado, que afirma não acreditar que o pai da menina nem o ex-marido de Luciene tenham envolvimento no crime. Ainda de acordo com Robson Costa, o crime teria sido motivado por dinheiro.
“A ganância foi o principal motivo”
Robson Costa, delegado da 60ª DP
Segundo a polícia, Luciene sabia que o pai de Lavínia tinha cerca de R$ 2 mil em casa. As investigações indicam que, ao entrar na casa da família, a amante teria chamado a atenção da menina e resolveu levá-la para não ser reconhecida. A polícia afirma ainda que ela tinha a intenção de incriminar o ex-marido.
No dia do seu desaparecimento, um vizinho chegou a informar que Rony dos Santos, pai da menina, e Luciene haviam brigado durante a madrugada e que a amante teria ameaçado se matar. Na noite de terça-feira (1º), uma testemunha afirmou à polícia que viu uma mulher arrastando uma criança com as mesmas características de Lavínia em Caxias.
Como foi o caso
Segundo a versão da mãe de Lavínia, por volta das 3h, Rony teria chegado em casa. A filha acordou Andréia a levou ao banheiro e depois voltou a dormir. Ela disse que trancou a janela do quarto da criança e a porta de casa, que fica no segundo andar de um imóvel.
Às 5h45 ela acordou, como de costume. Não encontrou a filha e viu a porta de casa e a janela do quarto da criança abertas. Rony, neste momento, estava saindo para trabalhar, segundo ela.
Andréia também contou que, antes do marido chegar, ligou para o celular dele dezenas de vezes e em uma delas uma mulher atendeu.
Fonte: G1