Ban Ki Moon evita apoiar Brasil no Conselho de Segurança
Secretário-geral das Nações Unidas defende mudança no colegiado, mas é evasivo quando perguntado sobre apoio à reivindicação do governo brasileiro
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki Moon, afirmou nesta quinta-feira que a reforma do Conselho de Segurança precisa ser feita, mas evitou explicitar apoio ao pleito brasileiro de obter uma cadeira no colegiado.
Após um encontro com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, em Brasília, o diplomata disse estar consciente de que o governo brasileiro quer uma cadeira permanente no Conselho e defendeu uma solução rápida para o tema. “Isto já passou do tempo. O Conselho de Segurança precisa ser reformado em uma forma mais representativa e democrática”, disse.
“Eu estou totalmente informado das aspirações do governo brasileiro”, afirmou, em entrevista coletiva, sem declarar apoio ao brasileiro.
Sigilo - O secretário-geral da ONU também evitou comentar a possibilidade de que documentos públicos brasileiros sejam mantidos em sigilo por tempo indeterminado. O sul-coreano, que é candidato à reeleição no cargo, disse que cada país tem seu próprio sistema para lidar com esse tema e que ele não iria comentar a postura do governo brasileiro.
Durante o encontro com Patriota, Ban Ki Moon discutiu a atuação diplomática brasileira em países como o Haiti e Guiné Bissau. O representante da ONU defendeu a intensificação das relações entre países emergentes, o chamado eixo sul-sul.
É a terceira vez que Ban Ki Moon visita o Brasil no exercício do cargo. Sua viagem à América do Sul incluiu passagens por outros três países. Ainda nesta quinta-feira, o secretário-geral da ONU se encontra com a presidente Dilma Rousseff.
Chances de Edmundo voltar à prisão são mínimas
Ex-jogador ficou apenas 18 horas atrás das grades
Rio - Terça-feira, desembargadores da 6ª Câmara Criminal podem julgar o mérito da decisão de Rosita. Em tese, eles poderiam derrubar a liminar e levar Edmundo de volta à cadeia, mas especialistas não acreditam nessa possibilidade porque a Justiça já garantiu a ele o direito de ficar em liberdade até o fim da ação.
A chance de uma nova prisão é mínima. “O Supremo Tribunal Federal não vai julgar o recurso pendente até outubro”, avalia Antônio Gonçalves, especialista em Direito Penal.
Ontem, a assessoria de imprensa da Corte informou que o ministro Joaquim Barbosa não tem prazo para se pronunciar. “Se a Justiça do Rio entendeu que ele deve ficar livre, não há mais que se falar em prisão. O que vai ficar é a lástima para a família das vítimas”, disse o criminalista.
Edmundo ficou apenas 18 horas preso
O ex-jogador de futebol e comentarista Edmundo ficou atrás das grades apenas 18 horas em delegacia de São Paulo. Ele foi preso pela polícia paulista à 1h, mas ganhou a liberdade por decisão liminar da desembargadora Rosita Maria de Oliveira Netto, da 6ª Câmara Criminal do Rio, e deixou a unidade às 19h.
Se o Supremo Tribunal Federal (STF) não acelerar o julgamento de recurso do ex-atleta parado há mais de um ano na Corte, ele pode se livrar de vez do risco de ser preso.
Edmundo foi condenado a 4 anos e 6 meses por acidente em que três pessoas morreram e três ficaram feridas, em 1995.
Pelas contas da Justiça do Rio, a pena prescreve em outubro. Mas foi exatamente porque há recurso de Edmundo nas mãos do ministro Joaquim Barbosa desde 26 de abril do ano passado que a desembargadora decidiu soltar o ex-jogador. A pendência no STF é para decidir se ele teria direito a discutir a redução da pena, o que já havia sido rejeitado pelo Tribunal de Justiça e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Como Edmundo ganhara na Justiça o direito de ficar em liberdade até que o processo fosse completamente encerrado, a desembargadora concedeu o habeas corpus.
O pedido do advogado Arthur Lavigne foi protocolado ao meio-dia. A prisão do ex-atleta foi decretada pelo juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo, terça-feira.
Sobrevivente e família de vítima reviveram tragédia
A notícia da prisão de Edmundo abalou as vítimas do acidente e seus familiares. Déborah Ferreira da Silva, que estava no carro do ex-jogador, superou as graves lesões que teve e não quer mais falar sobre o assunto. De acordo com seu advogado, João Tancredo, ela teve muita dificuldade para dormir na noite da prisão do comentarista.
“Ela falou que já tinha colocado uma pá de cal no assunto. Não tem intenção de se vingar de ninguém.Ela não trata mais disso e ficou muito chateada. A história causa uma angústia ainda maior”, explica Tancredo.
Mãe de Joana Martins, que morreu no acidente, Iliane Martins conta que a prisão de Edmundo fez a tragédia vir à tona novamente. “O tempo passa, a gente acalma o coração e toca a vida. Quando essas coisas acontecem, tudo volta. Não estou feliz”, afirma.
Ex-jogador preso em cela vazia, sem cama nem janela
Uma cela desocupada de seis metros quadrados, sem cama nem janela. Foi neste ambiente, em São Paulo, que Edmundo aguardou a chegada dos agentes que iriam fazer sua transferência para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio.
O ex-jogador entrou na carceragem por volta das 9h. Ele recebeu a visita de amigos, que levaram café da manhã. Abatido, só aceitou um achocolatado. Segundo o delegado Eduardo Castanheira, Edmundo não chegou a ter contato com outros detentos: “Aqui, os presos ficam apenas em caráter transitório”.
Polícia do Rio chega a São Paulo junto com a liberdade
Os agentes da Polinter que saíram às 9h do Rio, em dois carros, para buscar Edmundo, chegaram a São Paulo por volta das 16h, quase ao mesmo tempo em que era expedida a liminar judicial que libertava o comentarista da Band.
Considerado foragido desde quarta-feira, Edmundo foi localizado pela polícia paulista através de denúncia anônima. Por volta da 1h, o ex-jogador estava sozinho em seu apartamento no bairro Itaim Bibi, na Zona Oeste de São Paulo, e não resistiu à prisão. Ele foi levado para a 3ª Delegacia Seccional Oeste da Capital, em Pinheiros, onde prestou depoimento e passou a noite. “Edmundo estava dormindo quando chegamos ao prédio. Ele tomou banho, fez algumas ligações e foi para a delegacia para formalizar a prisão”, conta o delegado Eduardo Castanheira, responsável por efetuar a prisão do ex-atleta.
Após ser ouvido na delegacia e passar por exame de corpo de delito, o ex-jogador aguardou a transferência para o Rio em uma cela. De acordo com amigos de Edmundo, ele vai permanecer em São Paulo nos próximos dias.
Picape em alta velocidade
Em 2 de dezembro de 1995, quando saía de boate na Lagoa, o então jogador do Flamengo chocou seu Jeep Grand Cherokee com um Fiat Uno. Morreram Carlos Frederico Britis Tinoco e Alessandra Cristini Pericier Perrota, que estavam no outro carro, e Joana Maria Martins Couto, que estava no automóvel de Edmundo.
Outros 3 passageiros do carro do ex-atleta ficaram feridos — Roberta Rodrigues de Barros Campos, Débora Ferreira da Silva e Natascha Marinho Ketzer. A perícia apontou que ele estava em alta velocidade. Em 99, foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão, em regime semiaberto.
Restos mortais de 104 vítimas chegam a Paris para serem identificados
Mais de dois anos depois do acidente com o voo 447, os restos mortais de 104 vítimas chegaram, na manhã desta sexta-feira, ao Instituto Médico Legal de Paris, onde será realizado um longo processo de identificação. Três legistas, dois radiologistas e dois dentistas serão responsáveis pelo trabalho, em tempo integral, e vão contar com informações como a arcada dentária e material genético dos passageiros que morreram na queda do avião, que fazia o trajeto Rio-Paris, em maio de 2009. Familiares de vítimas brasileiras já enviaram DNA.
O processo de identificação dos restos mortais de 104 das vítimas resgatadas deverá começar nesta sexta-feira ou sábado e poderá levar meses, segundo o coronel François Daoust, diretor do Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar (IRCGN, na sigla em francês), órgão especializado na identificação de vítimas de catástrofes e que comandará esses trabalhos.
Os restos mortais e os destroços do avião chegaram à França na manhã de quinta-feira, em contêineres, trazidos pelo navio Ile de Sein, que participou da quinta e última fase de buscas, encerrada no dia 3 de junho. A embarcação atracou em um píer afastado para evitar a presença de curiosos durante a descarga. A descarga dos quatro contêineres, que demoraria oito horas, atrasou pelo menos quatro horas, devido a um problema com um guindaste e à queda de energia no porto de Bayonne.
INFOGRÁFICO
Enquanto os restos mortais estão no IML de Paris, as peças da aeronave serão analisadas em Toulouse. A análise das peças do avião recentemente encontradas faz parte do processo que busca as causas da queda do Airbus.
Nesta quarta-feira, familiares das vítimas se encontraram com o secretário de Estado francês de Transportes, Thierry Mariani, e com representantes do organismo francês responsável pela investigação, o BEA.
Em maio, a direção-geral da polícia militar francesa, confirmou que os corpos poderão ser identificados pelo DNA. Ao todo, 154 corpos dos 228 que estavam a bordo do avião que fazia a rota Rio-Paris foram resgatados. Os primeiros 50, sendo 20 deles de brasileiros, foram retirados do mar logo após a catástrofe, em 31 de maio de 2009. Mas os 104 restos mortais podem não significar necessariamente 104 passageiros, uma vez que mais de um resto pode ser oriundo de um mesmo corpo.
Em maio, o BEA divulgou um relatório preliminar sobre as circunstâncias do acidente com o voo 447 . O documento divulgou apenas a sequência de ações dos pilotos até a queda, que durou 3 minutos e 30 segundos. As causas do acidente e as responsabilidades só serão divulgadas pelas autoridades francesas no fim de junho. O documento confirma ainda a informação do semanário alemão "Der Spiegel", de que o comandante da aeronave não estava na cabine no momento que o piloto automático é desativado.
Cientistas registram uma das maiores explosões espaciais
Segundo pesquisadores, fenômeno pode ter sido causado pela colisão entre uma estrela do tamanho do Sol e um buraco negro um milhão de vezes maior
A colisão entre uma estrela e um enorme buraco negro provocou uma das maiores explosões espaciais jamais registradas, cujo brilho viajou por 3,8 milhões de anos-luz até chegar à Terra, segundo estudo publicado nesta quinta-feira pela revista Science.
No momento da descoberta, os cientistas estudavam a origem de um feixe de raios gama observado a partir de um satélite da Nasa. Inicialmente, pensaram que podia se tratar de uma explosão de raios gama, mas a persistência da luminosidade e o fato de ter sido reativado três vezes em apenas 48 horas levaram os pesquisadores a buscar outra hipótese.
"Era algo totalmente diferente de qualquer explosão que já vimos", disse em comunicado Joshua Bloom, astrônomo da Universidade de Berkeley e um dos coordenadores do estudo. Bloom sugeriu que a causa poderia ser a queda de uma estrela do tamanho do Sol em um buraco negro um milhão de vezes maior, o que gerou uma quantidade tremenda de energia ao longo de muito tempo. Dois meses e meio depois, o fenômeno ainda persiste, segundo o pesquisador. "Isso acontece porque o buraco negro 'rasga' a estrela, e este processo libera muitíssima energia", explicou. Cerca de 10% da massa dessa estrela se transformou em energia irradiada, como raios X e gama.
Ao repassar o histórico de explosões na Constelação de Draco, onde foi observado o fenômeno, os cientistas determinaram que o acontecimento foi "excepcional", já que não encontraram indícios de outras emissões de raios X ou gama. O mais fascinante, segundo Bloom, é que o fenômeno começou em um buraco negro em repouso, ou seja, que não estava atraindo matéria. "Isto poderia acontecer em nossa própria galáxia, a Via Láctea, onde há um buraco negro que vive em quietude e que apenas ocasionalmente absorve um pouco de gás", disse.
Segundo Bloom, a explosão é algo "nunca visto" até agora no comprimento de onda dos raios gama, e o mais provável é que só aconteça uma vez a cada 100 milhões de anos. O estudo estima que as emissões de raios gama, que começaram entre os dias 24 e 25 de março em uma galáxia a cerca de 3,8 milhões de anos-luz, vão se dissipar ao longo do ano. "Acreditamos que o fenômeno foi detectado em seu momento de maior brilho, e se realmente for uma estrela destruída por um buraco negro, podemos dizer que nunca voltará a ocorrer nessa galáxia", concluiu Bloom.