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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ausência de Chávez desencadeia luta interna pelo poder



A ausência de Hugo Chávez em Cuba, para tratamento contra um cancro, desencadeou uma luta pelo poder dentro do seu próprio partido. Analistas acreditam que o Presidente venezuelano regressou por duas semanas ao seu país com o intuito de controlar os conflitos internos e dar esperança aos partidários do chavismo.
Após ter sido operado de surpresa em Havana, Chávez voltou a Caracas, onde esteve duas semanas antes de voltar a Cuba, para ser submetido a quimioterapia e radioterapia. Mas, desta vez, delegou alguns poderes ao vice-presidente executivo, Elías Jaua, e ao vice-presidente para os Assuntos Financeiros, Jorge Giordani. Os decretos mais importantes serão aprovados por Chávez, a partir de Havana, por assinatura digital, mas os dois governantes com poderes especiais tratam de dar a sensação de que o Presidente está presente, apesar de ninguém saber realmente quando e em que estado voltará à Venezuela, escreve o El País.
Antes de partir para Cuba, Chávez lançou um aviso ao seu partido: "Temos de terminar de pulverizar as divisões internas, de caudilhos, 'caudilhitos' que pretendem manipular outros sectores, e o que não se sentir em condições que se vá para outros assuntos da sua vida para além do PSUV." O alerta tinha como objectivo controlar os conflitos internos que se tornaram mais evidentes quando o líder chavista se ausentou inesperadamente por um mês para ser operado em Cuba. "Até agora essa luta para evitar uma percepção de vazio e de anarquia interna tem funcionado. Claro que prolongar a sua ausência fora do poder representa sempre um risco e isso vai obrigá-lo a estar em permanente comunicação com as massas", afirmou Luis Vicente León, director da empresa de sondagens Datanálisis
Segundo León, há uma dura batalha dentro do PSUV entre os "ideólogos, os mais radicais", que "parecem estar a vencer", e "os pragmáticos, especialmente nos temas económicos". Do lado dos radicais estão Elías Jaua, Jorge Giordani e o chanceler Nicolás Maduro. A linha dura conseguiu nos afastar os mais moderados, que há alguns anos tinham maior influência junto de Chávez.
Já o politólogo Nicmer Evans considera que os esforços para procurar um sucessor de Chávez serão em vão, pois o chavismo continua convicto da recuperação física do Presidente venezuelano e uma eventual menorização deste abriria espaço à oposição, que continua o seu processo de preparação para as eleições de 2012, com uma série de pré-candidatos que vão passar por eleições primárias em Fevereiro.

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