No QG do líder, foram encontrados mortos, feridos e armas. Hugo Chávez manifestou solidariedade a Kadhafi
O rebeldes tomaram ontem o controle do Bab al-Aziziya, o quartel-general do líder da Revolução Líbia, Muamar Kadhafi, em Trípoli, mas continuam sem saber seu paradeiro. É o que apuraram jornalistas levados ao refúgio de Kadhafi pelos próprios insurretos. Os muros de cimento do complexo foram derrubados e os revoltosos o invadiram. Já dentro do QG, os revoltosos apoderaram-se de várias armas, como fuzis, metralhadoras, pistolas e munições.
Imagens divulgadas pela rede de televisão Al-Jazeera, de Doha, Qatar, mostraram um jovem rebelde pendurado em uma escultura que representa um punho esmagando um avião, símbolo dos ataques aéreos norte-americanos contra o recinto em 1986, para tentar destruí-lo. Era possível visualizar vários corpos dentro do refúgio, a maioria deles de militares leais a Kadhafi, além de muitos feridos.
Horas antes, um dos filhos de Kadhafi, Seif al-Islam, veio a público afirmar que seu pai ainda estava na capital líbia. “Nós não abandonaremos a Líbia, lutaremos até o último homem, até a última mulher e até a última bala”, voltou a afirmar Seif ao denunciar uma conspiração proveniente do exterior. Segundo o comandante dos rebeldes, o coronel Ahmed Omar Bani, ninguém sabe onde Kadhafi nem seus filhos estão, mas foi categórico em afirmar que os rebeldes venceram a batalha.
“A batalha militar acabou”, declarou, acrescentando que 90% do complexo de Bab al-Azizya estava dominado, embora ainda existissem alguns focos de resistência. Os rebelados já haviam invadido a capital três dias antes. Mas, só chegaram ao quartel ontem, após uma série de confrontos com as forças leais ao ditador.
Os insurretos também assumiram o controle do porto petroleiro de Ras Lanuf, que fica a caminho da cidade natal de Kadhafi, Sirte. O Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, órgão político da rebelião, afirmou estar no controle de 80% de Trípoli, em uma conversa telefônica com a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton.
Por outro lado, os governos dos Estados Unidos e da França vão “manter seus esforços militares” até que “Kadhafi e seu clã” deponham as armas, afirmou o presidente francês, Nicolás Sarkozy, após uma conversa por telefone com Barack Obama.
Chávez resiste
Apesar da pressão internacional pela queda do regime líbio, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ressaltou que seu país reconhece na Líbia “apenas um governo, o dirigido por Muamar Kadhafi”, ao reiterar suas críticas aos bombardeios da Otan sobre Trípoli.
“Ratificamos nossa solidariedade ao povo líbio, irmão agredido e bombardeado”, disse Chávez durante um conselho de ministros transmitido por todas as rádios e emissoras de televisão venezuelanas.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, por sua vez, pediu a reconciliação na Líbia ao falar por telefone com o líder rebelde Mustaphah Abdelkhalil.
“Ban enfatizou a necessidade de uma união nacional, de uma reconciliação e de uma participação, assim como a proteção dos locais diplomáticos”, afirmou um porta-voz da ONU.
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