Tanques sírios abriram fogo nesta terça-feira (16) contra bairros sunitas de Latakia, disseram moradores, no quarto dia de repressão militar a manifestações nessa cidade portuária.
“Disparos pesados de metralhadoras e explosões estão atingindo Al Raml al Filistini (onde vivem refugiados palestinos) e Al Shaab nesta manhã. Isso já diminuiu e agora há o som de disparos intermitentes de tanques”, disse à Reuters por telefone um morador que mora próximo de ambos os bairros.
A União Coordenadora da RevoluçãoSíria, formada por ativistas de oposição, disse que seis pessoas morreram na segunda-feira (15) em Latakia, elevando a 34 o total de civis mortos na ofensiva militar – entre os quais uma menina de 2 anos.
A repressão se intensificou com o início do mês islâmico sagrado do Ramadã, quando as preces noturnas propiciam mais protestos contra o regime de Bashar al-Assad, cuja família governa a Síria há 40 anos.
As forças sírias também atacaram Hama, cenário de um massacre de dissidentes em 1982, Deir al Zor, no leste, Deraa, no sul, e várias cidades do noroeste sírio, na região da fronteira com a Turquia.
“O regime parece motivado a quebrar a espinha da rebelião em todo o país nesta semana, mas as pessoas não estão recuando. As manifestações em Deir al Zor estão recuperando seu ímpeto”, disse um ativista na cidade.
O governo de Assad sofre uma crescente pressão dos EUA, da União Europeia e da Turquia, mas não dá sinais de atenuar a repressão.
Como já está virando rotina, tanques e outros veículos blindados cercaram redutos dos dissidentes em Latakia, e os serviços essenciais foram interrompidos antes que as forças de segurança iniciassem as revistas, prisões e bombardeios, segundo moradores.
Milhares de pessoas deixaram um campo de refugiados palestinos em Latakia, algumas delas fugindo dos tiros, e outras cumprindo ordens das autoridades, segundo um funcionário da ONU.
“Entre 5 mil e 10 mil fugiram, não sabemos onde estão essas pessoas, então é muito preocupante”, disse Christopher Gunness, porta-voz da UNRWA, agência da ONU que cuida de refugiados palestinos. “Temos diversas mortes confirmadas e quase 20 feridos.”
Outra entidade síria de oposição, o Comitê de Coordenação Local, disse ter os nomes de 260 civis mortos neste mês, incluindo 14 mulheres e bebês.
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