AMÃ (Reuters) - Tanques do Exército sírio disparando explosivos e metralhadoras atacaram a cidade de Hama neste domingo, matando pelo menos 80 civis em uma ação para impedir manifestações contra o governo do presidente Bashar al-Assad, disseram moradores e ativistas.
As forças do governo sírio começaram a operação à cidade, local de um massacre em 1982, pelo amanhecer, após cercá-la por quase um mês.
A organização de direitos humanos síria Sawasiah disse que o número de mortos em Hama subira para 80. O grupo independente citou autoridades hospitalares e testemunhas em seu relatório.
Um médico, que não quis ser identificado com medo de ser preso, contou à Reuters que a maioria dos corpos foram levados aos hospitais de Badr, Al-Horani e Hikmeh. Muitas pessoas ficaram feridas, e há pouco sangue nos bancos de transfusão, afirmou ele por telefone na cidade, que tem uma população de aproximadamente 700 mil pessoas.
"Os tanques estão atacando de quatro direções. Eles estão disparando metralhadoras pesadas a esmo e derrubando bloqueios improvisados nas estradas, erguidos pelos habitantes", disse o médico, com som de metralhadoras ao fundo.
Hama tem uma grande importância para o movimento contra o governo, pois o pai de Assad, o falecido presidente Hafez al-Assad, enviou suas tropas ao local para acabar com uma revolta em 1982, arrasando bairros inteiros e matando até 30 mil pessoas, no episódio mais sangrento da história moderna da Síria.
Cerca de quatro explosivos são lançados pelos tanques a cada minuto no norte de Hama, disseram moradores. A eletricidade e a água foram cortadas nos principais bairros, uma tática usada pelos militares quando atacam cidades com o objetivo de interromper protestos.
No poder há 11 anos, Assad está tentando acabar com uma revolta contra o seu governo. O movimento surgiu em março, inspirado nas revoluções árabes na Tunísia e no Egito, e se espalhou pelo país.
Autoridades sírias expulsaram do país jornalistas de veículos independentes, tornando difícil verificar os relatos de violência.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que ficou chocado com o uso de violência do governo sírio contra seu povo e prometeu trabalhar com outros países para isolar o presidente Assad.
"As notícias vindas de Hama são horripilantes e demonstram o verdadeiro caráter do regime sírio", disse Obama em comunicado divulgado pela Casa Branca.
"A Síria será um lugar melhor quando acontecer uma transição democrática. Nos próximos dias, os Estados Unidos continuaro a aumentar nossa pressão sobre o regime sírio e a trabalhar com outros ao redor do mundo para isolar o governo Assad e ficar do lado do povo sírio."
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