O irmão do líder do governo Dilma disse que PMDB e PTB montaram esquema de fraudes no Ministério da Agricultura. No Ministério das Cidades, haveria esquema semelhante ao investigado na pasta dos Transportes
Novas denúncias de corrupção voltaram a agitar a base aliada do governo neste fim de semana. Segundo reportagem da revista Isto É, no ano eleitoral de 2010 o Ministério das Cidades liberou pagamentos irregulares em favor de três grandes empreiteiras, que doaram mais de R$ 15 milhões ao PP, partido que comanda a pasta.
Em entrevista à revista Veja, Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), denunciou aparelhamento idêntico no Ministério da Agricultura em favor do PMDB e do PTB.
No caso do Ministério das Cidades, o PP teria aparelhado a pasta nos moldes do que fez o PR na área dos Transportes, onde a presidente Dilma Rousseff realiza faxina que já causou a demissão de 20 membros do alto escalão, entre os quais o ex-ministro Alfredo Nascimento.
Sob o comando do ministro Mário Negromonte, o Ministério das Cidades teria desrespeitado proibições do Tribunal de Contas da União (TCU) e pago obras superfaturadas. As três empreiteiras abocanharam no ano cerca de R$ 2,7 bilhões, mais de um terço dos gastos da pasta.
Os ministros Wagner Rossi (Agricultura) e Mário Negromonte (Cidades) negaram com veemência as acusações, mas a nova onda de denúncias, muitas delas nascidas de fogo amigo, preocupa o Palácio do Planalto.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já age nos bastidores para apagar os incêndios nos partidos aliados e recosturar a frágil base de sustentação do governo.
As empreiteiras suspeitas de pagar pedágio ao PP em troca de obras superfaturadas são a Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, que declararam à Justiça Eleitoral doações de R$ 7,5 milhões ao partido. Outros R$ 8,3 milhões foram registrados como doação oculta.
Irmão de Jucá
No caso do Ministério dos Transportes, Oscar Jucá Neto denunciou a existência de um consórcio entre PMDB e PTB para arrecadar dinheiro espúrio, tendo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) como posto avançado da operação.
“Ali só tem bandido”, afirmou à Veja o irmão do líder do governo no Senado.
Oscar foi demitido nesta semana da diretoria da Conab pela presidente Dilma Rousseff, após denúncia de que ele, com menos de um mês no cargo, autorizara o pagamento irregular de R$ 8 milhões a uma empresa de armazenagem, sem aval do presidente da estatal, Evangevaldo Pereira dos Santos, e do ministro Wagner Rossi.
Magoado, o ex-diretor foi à forra e denunciou que a estatal estaria adiando o repasse de R$ 14,9 milhões à empresa de alimentos Caramuru para barganhar uma comissão de R$ 5 milhões, que seriam acrescentados ao valor da dívida de forma fraudulenta.
SAIBA MAIS
Ministros rebatem denúncias
O ministro das Cidades, Mário Negromonte, disse ter ficado “enojado” e “indignado” com as denúncias de aparelhamento político e cobrança de propina na pasta que comanda. Para Negromonte, o secretário nacional de Saneamento Ambiental, Leodegar Tiscoski, não cometeu qualquer ilegalidade, mesmo que, em algum momento, tenha acumulado a função com a de tesoureiro do PP.
“Ele não era ministro, não ordenava despesas, nem efetuava pagamento”, afirmou Negromonte. “Se há algum questionamento ético, cabe a ele (Tiscoski) e ao partido responderem, não a mim. Até porque não foi na minha gestão”.
Deputado licenciado do PP, Negromonte também disse que o partido não cometeu ilegalidade ao receber doações de empreiteiras que realizam grandes obras na pasta.
“As doações foram legais, tanto as declaradas como as ocultas, e informadas à Justiça Eleitoral”, insistiu.
Em nota oficial, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, também rebateu as denúncias do ex-diretor da Conab, Oscar Jucá Neto, publicadas na revista Veja. “Nenhum acordo extrajudicial foi fechado durante minha gestão com qualquer empresa privada”, escreveu. Ele negou, ainda, que terreno de R$ 8 milhões tenha sido vendido abaixo do valor de mercado.
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