Brasília - Em meio a rumores sobre divisões no governo, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, negou nessa quinta-feira (7) mudanças em seu gabinete e prometeu “radicalizar” a revolução bolivariana. Em tratamento contra um câncer identificado durante viagem a Cuba, ele rebateu que a ausência do país por quase um mês tenha gerado disputas internas de poder. Segundo Chávez, o mal-estar gerado pela doença ocorre há algum tempo.
“Disseram que há divisão no governo e disputas, pois ratifico [o vice-presidente] Elias Jaua e estendo o tempo de serviço, ilimitado e a todos [do gabinete]”, disse o presidente venezuelano em reunião do Conselho de Ministros, transmitida pela TV estatal. “Todos [os ministros] estão ratificados por tempo prolongado”, acrescentou.
Houve informações, não confirmadas oficialmente, que Chávez planejava mudar a cúpula militar e substituir Jaua – que é apontado como representante do núcleo de esquerda. O vice-presidente esteve à frente do governo por quase um mês durante o tratamento de Chávez em Cuba.
A expectativa, segundo especialistas, é que Chávez comece a delegar a seus colaboradores novas tarefas, para seguir o tratamento de combate ao câncer - as recomendações médicas incluem medicamentos, alimentação adequada e repouso. Ontem o presidente discursou por cerca de uma hora, embora estivesse com a recomendação de repouso.
“Não haverá pacto com a burguesia”, disse Chávez, acrescentando que é tempo de “acelerar o processo de transformação”. Segundo ele, os adversários insistem em manter vínculos com o governo dos Estados Unidos, mas, mesmo com a sua doença, eles não voltarão a retomar o poder.
Durante o discurso, Chávez revelou mais detalhes da doença, reconhecendo que os sintomas vinham se manifestando há tempos. “Um dia, saindo para um ato com Elias [Jaua], me deu uma dor que me joguei no chão. Aí disse que era por causa do joelho, tentando disfarçar [o mal-estar]”, disse ele, informando que vive uma “emboscada” que ameaça sua saúde.
Na quarta-feira (6), o governador do estado de Miranda, Capriles Radonski, de oposição, colocou em dúvida que Chávez esteja doente. O presidente se mostrou irritado com as dúvidas lançadas sobre a doença e disse que os críticos são “loucos”. Segundo os aliados, Chávez é “o candidato da revolução” para o pleito de 2012.
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