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quarta-feira, 16 de março de 2011

Papa explica princípios da relação entre Igreja e Estado

O Papa Bento XVI enviou uma mensagem ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano, por ocasião do 150º aniversário de unificação política do país, que ocorre nesta quinta-feira, 17 de março. A mensagem foi entregue pelo Cardeal Tarcisio Bertone ao presidente Napolitano, na manhã desta quarta-feira, 16.

O Bispo de Roma recordou que o Pacto Lateranense, firmado em 1929, garantiu que a Igreja continuasse a oferecer sua contribuição ao bem comum. Em fevereiro de 1984, foi concluído o Acordo de revisão desse Pacto, que assinalou a passagem para uma nova fase das relações entre Igreja e Estado na Itália.

"O Acordo, que contribuiu largamente para a delineação daquela sã laicidade que denota o Estado italiano e o seu ordenamento jurídico, evidenciou os dois princípios supremos que são chamados a presidir as relações entre Igreja e comunidade política: aquele da distinção de âmbitos e aquele da colaboração. [...] A Igreja é consciente não somente da contribuição que oferece à sociedade civil para o bem comum, mas também do que recebe da sociedade civil".

"O Cristianismo contribuiu de maneira fundamental para a construção da identidade italiana através da obra da Igreja, das suas instituições educativas e assistenciais, fixando modelos de comportamento, configurações institucionais, relacionamentos sociais; mas também mediante uma riquíssima atividade artística: a literatura, a pintura, a escultura, a arquitetura, a música. [...] Também as experiências de santidade contribuíram fortemente para construir tal identidade", salienta o Pontífice.

O Santo Padre afirma que, apesar de o Ressurgimento – movimento na história italiana que buscou unificar o país entre 1815 e 1870 – ter sido contrário à Igreja, ao Catolicismo e também à religião, por complexas razões históricas, culturais e políticas, os católicos contribuíram diretamente para a formação do Estado unitário, como foi o caso de Vincenzo Gioberti, Antonio Rosmini e Alessandro Manzoni, por exemplo.

Referindo-se à "Questão Romana" – disputa territorial ocorrida entre o governo italiano e o papado durante os anos de 1861 a 1929, que culminou na criação do Vaticano, com o estabelecimento do Tratado de Latrão durante o governo de Benito Mussolini – e aos "efeitos dilacerantes na consciência individual e coletiva dos católicos italianos", Bento XVI escreve que "nenhum conflito foi registrado no corpo social, assinalado por uma profunda amizade entre a comunidade civil e a comunidade eclesial. A identidade nacional dos italianos, tão fortemente enraizada nas tradições católicas, constitui na verdade a base mais sólida da conquistada unidade política".

Por fim, Bento XVI disse que a nação italiana sempre teve a honra e o singular privilégio de acolher a sede do Sucessor de Pedro e, portanto, o centro da catolicidade. "A comunidade nacional sempre respondeu a essa consciência expressando proximidade afetiva, solidariedade, auxílio à Sé Apostólica para a sua liberdade e para prover as condições favoráveis para o exercício do ministério espiritual do Sucessor de Pedro, que é Bispo de Roma e Primaz da Itália".

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