O acidente nuclear no Japão não deve alterar os planos do governo brasileiro de ampliar a geração de energia atômica no Brasil, incluindo o projeto que prevê a instalação de três centrais nucleares na região Nordeste. Alagoas disputa as centrais nucleares com Pernambuco, Bahia e Sergipe. De acordo com o chefe do escritório da Eletronuclear em Recife, Carlos Henrique da Costa Marins, a Plano Decenal, que prevê a construção das três centrais, está a todo vapor, e o Estado que irá sediar o projeto deve ser anunciado ainda em 2011. Países da Europa, como a França, começam a repensar suas ambições no campo da energia nuclear.
Marins falou por telefone a O JORNAL, direto do Recife, onde participava, ontem, de um seminário internacional sobre energia nuclear, ontem pela manhã. “Não altera em nada, primeiro porque o que temos no Japão é conseqüência de uma catástrofe. Uma tsunami e um maremoto. Não se trata de um acidente nuclear, tudo veio da catástrofe. Outro ponto é que a própria tecnologia empregada no Japão é diferente da utilizada nas centrais nucleares brasileiras”, explica.
“A energia nuclear é mais do que necessária para o desenvolvimento do país. As usinas hidroelétricas são insuficientes, a energia eólica é apenas complementar. A aposta do país é na energia nuclear. O Brasil, graças a Deus não está na área divisória das placas tectônicas, que o que provoca os terremotos. Esse problema nós não temos”, ressaltou.
Segundo Marins, já foram identificados os sítios que tem condições técnicas de abrigar as centrais nucleares, agora cabendo ao Ministério de Minas e Energia escolher o mais adequado. Em Alagoas a região fica no Baixo São Francisco.
“O Plano Decenal que prevê a instalação das usinas no nordeste está de vento em polpa. Já foi feita a localização dos sítios, que ficam aí em Alagoas, em Pernambuco, na Bahia e em Sergipe. Recentemente o ministro de Minas e Energia [Edison Lobão] afirmou que essa escolha será feita ainda este ano. Acho cedo para falar em mudanças nessa questão da energia nuclear por cauda do que está acontecendo no Japão”, afirma Carlos Henrique Marins.
R$ 18 MILHÕES – Mas além da escolha do Ministério de Minas e Energia, a decisão ainda passará pelo Congresso Nacional. Apesar da polêmica em torno da geração desse tipo de energia, o projeto é defendido entusiasticamente pelo próprio governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), que em 2009 chegou a trazer para o Estado evento nacional sobre o tema.
Segundo a Eletronuclear, a primeira das três centrais nucleares que deverão ser construídas no nordeste deve entrar em operação em 2019; a segunda em 2021. O investimento do governo federal para a construção de central nuclear é estimado em R$ 6 bilhões.
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