A América prestou ontem um tributo emocionado aos que perderam a vida nos ataques terroristas de 2011 e recordou os que morreram nas guerras que se seguiram. As cerimónias oficiais do décimo aniversário do 11 de setembro, em Nova Iorque e nos restantes locais dos atentados, tiveram um caráter solene e sombrio, mas também serviram para transmitir uma mensagem de força e de otimismo para o futuro.
Um longo dia de comemorações oficiais terminou no centro Kennedy em Washington com um “concerto para a esperança” e um discurso inspirador do Presidente dos EUA. Barack Obama disse aos americanos que devem honrar os que morreram nos ataques de 11 de setembro, mas devem também olhar para o futuro “com os corações cheios de esperança”.
Obama disse que a década que passou desde os atentados terroristas mostrou a determinação dos americanos em defender o seu modo de vida: O ideal de que “os homens e as mulheres se devem governar a si próprios foi fortalecido” afirmou.
“Estes dez anos sublinham os laços que existem entre todos os americanos. Não sucumbimos à suspeita e à desconfiança”. Um dia “dirão de nós que mantivermos a fé, que recebemos um golpe doloroso e emergimos mais fortes”, prosseguiu Obama, os últimos dez anos mostram que a América não cede ao medo”.
Cerimónias marcaram o dia nos vários locais dos atentadosO concerto, que incluiu atuações de Patti La Belle, da mezzo-soprano Denyce Graves e de Alan Jackson, foi o culminar de várias cerimónias que tiveram lugar ao longo do dia. Estas decorreram em Nova Iorque, no local onde se erguiam as torres gémeas, em Washington junto ao Pentágono, e em Shanksville, Pennsylvania onde se despenhou o terceiro dos aviões de passageiros desviados em 2011 pela al-Qaeda.
Milhares de pessoas concentraram-se em Nova Iorque junto ao “Ground Zero” para assistir às comemorações dirigidas por Obama e pelo presidente da câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg. A ocasião contou também com a presença do anterior Presidente dos EUA George W. Bush.
Às 8.46 da manhã, a hora a que o primeiro avião embateu na torre norte, um momento de silencio desceu sobre Nova Iorque , apenas interrompido pelo dobrar de sinos das igrejas.
Depois da leitura de um salmo por Obama, 167 pares de familiares das vítimas do 11 de setembro começaram a ler os nomes dos que pereceram.
A leitura foi apenas interrompida por outro momento de silêncio às 09.30 da manhã, o momento em que o segundo avião atingiu a torre sul. Ao todo, e sem contar com os dez terroristas a bordo dos aviões, calcula-se que tenham morrido 2753 pessoas nos dois aviões e no solo, quando as torres se despenharam.
Fortes medidas de segurançaA cerimónia decorreu por entre fortes medidas de segurança, aumentadas devidos a rumores de que a al-Qaeda preparava um novo ataque terrorista para o aniversário dos atentados.
Barack Obama e a sua mulher Michelle Obama, assistiriam às cerimónias protegidos por uma parede de vidro à prova de bala.
George W. Bush, presidente à data dos atentados, leu uma carta que foi enviada pelo presidente Abraham Lincoln a uma mulher que tinha perdido cinco filhos na guerra civil.
“Sinto quão fraca e inútil deve ser qualquer palavra minha para tentar desviar a sua atenção da dor de uma perda tão grande” disse Bush, citando Lincoln, “mas não posso deixar de lhe oferecer a consolação que se pode encontrar nos agradecimentos da república que eles morreram para salvar”.
Barack Obama prestou também homenagem às vítimas dos ataques e à coragem dos sobreviventes e recordou o muito que mudou para os americanos desde os atentados de 2001.
“Conhecemos a guerra e a recessão. Debates apaixonados e divisões políticas. Nunca poderemos recuperar as vidas que se perderam naquele dia, ou os últimos americanos que fizeram o derradeiro sacrifício nas guerras que se seguiram”.
O que não mudou“No entanto”, disse Obama, “vale a pena lembrar aquilo que não mudou.
“O nosso caráter nacional não mudou… A nossa crença na América, nascida de um ideal sem limites de que os homens e as mulheres devem poder governar-se a si próprios, de que todas as pessoas são criadas iguais e merecem a mesma liberdade para determinarem o seu destino , essa crença, através dos testes e provações, só foi fortalecida”, afirmou Obama.
O Presidente dos EUA mencionou ainda “os dois milhões de americanos que foram para a guerra desde o 11 de setembro. Demonstraram que aqueles que nos querem fazer mal não se podem esconder do alcance da justiça em nenhum lugar do mundo”.
Nos meses que se seguiram ao 11 de setembro de 2001, as forças americanas invadiram o Afeganistão para derrubar os talibã que davam santuário à al-Qaeda e em 2003, lideraram uma invasão do Iraque para derrubar Saddam Hussein.
Em ambas as guerras morreram, até agora, mais de 6200 militares americanos.
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