O ex-presidente afegão Burhanuddin Rabbani, encarregado do governo para negociar a paz com os talibãs, foi morto por um homem-bomba nesta terça-feira em sua casa na capital Cabul, anunciou a polícia, que acusou rebeldes pelo atentado.
"A explosão que ocorreu na casa de Burhanuddin Rabbani matou o ex-presidente e deixou várias pessoas feridas", declarou à AFP o porta-voz da polícia de Cabul, Hashmat Stanikzai.
"Sim, ele está morto", afirmou um aliado político de Rabbani aos prantos por telefone. Uma outra pessoa ligada ao ex-líder, também em lágrimas, confirmou a morte.
Segundo o chefe da polícia de Cabul, Mohammad Zaher, Rabbani foi morto por um falso mensageiro talibã que iria se reunir com ele. O homem escondeu a bomba em seu turbante.
A casa de Rabbani está situada no mesmo bairro que abriga várias embaixadas. O lugar foi atingido na quarta-feira passada por uma série de ataques talibãs que mataram 14 pessoas.
Os talibãs, que matam regularmente líderes do governo afegão, não puderam ser contatados até o momento.
Um jornalista da AFP viu uma ambulância chegar ao local do ataque enquanto as ruas ao redor eram bloqueadas.
O presidente do Afeganistão Hamid Karzai decidiu encurtar sua visita aos Estados Unidos depois do anúncio deste assassinato, afirmou seu porta-voz em Cabul. Mas um membro do governo, que pediu para não ser identificado, confirmou que o presidente se reunirá, como previsto, com Barack Obama antes de deixar o território americano.
Em Cabul, a embaixada americana indicou que o assassinato do ex-presidente afegão não abalará a determinação dos Estados Unidos de pacificar o Afeganistão.
"Este tipo de ataque covarde apenas reforçará nossa determinação de trabalhar com o governo afegão e a população para acabar com a rebelião e construir um Afeganistão pacífico e próspero", indicou o comunicado da embaixada.
O Paquistão, acusado por ocidentais, principalmente pelos Estados Unidos, de apoiar o Talibã, já havia condenado o assassinato de Rabbani e lamentou a perda de um "amigo".
Burhanuddin Rabbani, líder histórico da resistência à invasão soviética nos anos de 1980, presidiu o país entre 1992 e 1996, período da queda do governo comunista e da chegada dos talibãs ao poder.
Os quatro anos de poder dos mujahedines foram marcados por uma dura guerra civil entre chefes rivais, entre eles o comandante do Tadjiquistão Ahmad Shah Massud. Os combates deixaram milhares de vítimas e causaram grande destruição em Cabul.
Em outubro de 2010, Rabbani foi nomeado chefe do Conselho Superior para a Paz (HCP), uma nova instância criada pelo presidente Karzai a fim de estabelecer contatos com os insurgentes para pôr fim à guerra.
Os rebeldes, que ganharam terreno nos últimos anos, apesar dos esforços do Ocidente, continuam a negar os apelos de paz de Karzai e rejeitam qualquer diálogo com ele até que os 130.000 soldados estrangeiros deixem o país. Contudo, líderes do Ocidente afirmaram que discussões preliminares em vista de uma negociação de paz aconteceram nos últimos meses com mensageiros talibãs.
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