Seguindo a mesma estratégia apresentada na terça-feira ao Senado - de negar fraudes no Ministério dos Transportes e eximir integrantes do Partido da República (PR) de qualquer participação em eventuais irregularidades em obras -, o diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, voltou a afirmar nesta quarta-feira em audiência pública conjunta na Câmara dos Deputados que as decisões sobre obras eram tomadas de forma conjunta, em "absoluta unanimidade", e não apenas por um setor específico da autarquia.
Ele evitou falar em "injustiça" por seu afastamento - embora tenha defendido que não está "nada satisfeito" com a situação - e disse que o petista Hideraldo Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, tem "competência" para eventualmente sucedê-lo no posto. "É obvio que Caron, que é diretor de Infraestrutura, tenha volume maior de obras. Isso não é segredo nenhum. Ele é um técnico exemplar, trabalhador. Se vier ocupar meu cargo no Dnit, não tenho nada contra, não. Pode ter certeza que Hideraldo tem competência para tocar. É funcionário de carreira de administrações públicas de longas datas, como é o ministro (dos Transportes, Paulo Sérgio) Passos, um técnico competente", afirmou.
O script de Pagot sobre as atribuições para aval a obras, iniciado a partir da explicação das funções e do organograma do Dnit, busca reiterar que as responsabilidades no órgão eram divididas e sustentar a tese de que, ainda que seu afastamento tenha sido determinado pela presidente Dilma Rousseff diante de suspeitas de superfaturamento em obras e cobrança de propina de empreiteiras, ele não poderia ser apenado individualmente no Dnit.
"Não fiquei nada satisfeito com a situação. Não estou demitido, não posso ser afastado", declarou. "Apesar de podermos fazer por maioria absoluta, o colegiado só aprova (projetos) por absoluta unanimidade. Se não tiver unanimidade, se retira da pauta. Tudo é complexo e burocrático. Na (diretoria) colegiada do Dnit, as decisões, por força do regimento, podemos (consolidá-las) por maioria absoluta. Não precisamos da anuência de todos, mas tomamos uma decisão já em 2007 de só aprovar tudo por unanimidade", disse ele, que informou ainda que foi criada uma corregedoria itinerante a partir de sua gestão na autarquia para coibir ações ilegais no órgão.
"Não aceito nem por parte de engenheiros locais, nem por parte de superintendentes e nem por parte de chefes de engenharia qualquer desculpa em relação a qualquer tipo de animosidade ou de ação ilegal por parte dos agentes públicos. Os problemas que temos no Dnit são claros e visíveis. São problemas estruturais. Estou trabalhando na década de 60, na década de 70 e preciso trabalhar no terceiro milênio. Nossos engenheiros chegam a passar vergonha (com os equipamentos à disposição do Dnit)", disse.
Ele voltou a negar que o Dnit atuava com recursos supostamente desviados para fazer caixa de campanha política. "Em relação à campanha, não nos envolvemos nisso. O Partido da República não é diferente de nenhum partido do Brasil. Nas épocas de campanha, obviamente os partidos têm necessidade de receber recursos para fazer frente (a suas demandas). O Dnit não é instrumento do partido para fazer captação", declarou.
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