Roma - O papa Bento XVI pediu ontem, durante a celebração da Páscoa, que a Europa acolha com generosidade os milhares de imigrantes ilegais que fogem das atuais turbulências na África do Norte. O apelo, feito diante de 100 mil pessoas na São Pedro, no Vaticano, surge depois que a entrada de clandestinos vindos principalmente da Tunísia gerou atritos políticos na Europa e sinais de hostilidade de parte da população. “Que as pessoas de boa vontade abram os seus corações e os recebam, para que as necessidades urgentes de tantos irmãos e irmãs tenham resposta, num espírito de solidariedade”, afirmou o papa em sua sexta celebração da Páscoa. “Que a ajuda venha de todos os lados para aqueles que estão fugindo dos conflitos e para os refugiados de vários países da África que tiveram de deixar tudo o que amavam para trás”, disse. A população da ilha italiana de Lampedusa, situada a 165 km da Tunísia e que tem sido porta de entrada dos clandestinos africanos, protestou várias vezes exigindo mais rigor para impedir a chegada dos imigrantes. A Itália reclama de ter sido abandonada pelos parceiros da União Europeia (UE), tendo que lidar sozinha com o problema. A Itália concedeu vistos temporários a muitos tunisianos que, em virtude dos acordos de Schengen sobre livre circulação de pessoas, passaram a querer ir à França, atraídas pela familiaridade com a língua - a Tunísia foi colônia francesa até 1956. Autoridades francesas reagiram fechando sua fronteira a trens italianos nos quais havia imigrantes. Paris cogita agora suspender temporariamente o acordo de Schengen, sob alegação de que há uma “falha sistêmica’’ nas fronteiras do bloco europeu. Críticos dizem que a suspensão do acordo Schengen violaria a ideia central da criação da UE. A disputa sobre como tratar a imigração será o tema central das conversas que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, terá com o premiê italiano, Silvio Berlusconi, na terça em Roma. O papa também pediu que a diplomacia se sobreponha aos combates entre governistas e rebeldes na Líbia, que se arrastam há três meses, para permitir a chegada da ajuda humanitária às populações civis atingidas. |
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